18 de set. de 2012

SER NOTURNO

com texto poético de:
Anderson Lopes


Meia noite de uma vida inteira sem dormir
A meia luz de uma lua cheia eu reflito
Sobre o que poderiam ter sido os meus dias
Se eu não me esquivasse tanto do sol

Eu não teria essas olheiras de vida mal vivida
Eu teria mais sombra
Para dividir comigo as responsabilidades do corpo...

Meia noite

E as lembranças são seres indesejáveis
Saindo debaixo da cama em que o passado dorme
Para me assombrar

Ah,como é leve o sono do passado

E quanto lixo ele acumula embaixo de sua cama!

Mas os grandes olhos da noite são ternos e consoladores

Imensos olhos vigias de mãe
Que me observam por detrás das cortinas
Olhos que não se fecham enquanto o filho não chega
Enquanto o filho não dorme

Doces e complascentes os olhos da noite!

Confortam-me
Protegem-me
E enfim adormeço...